11 julho 2009

Dependência ou submissão?

Texto dedicado a ti , quarentona, que fantasias ter um Dono ou servir um Dono

Seres reais povoam os meus sonhos: em lugares fantásticos, em situações obscuras, em labirintos de cores ainda não inventadas.

Quando o vi, ele parecia flutuar num corredor exótico e interminável: os lugares do sonho. O seu nome não era importante. Em boa verdade, não tinha nome: as situações do sonho. Tinha lábios bem desenhados, isso não me esquece: os labirintos do sonho.

Quando falou comigo, sorriu e olhou-me nos olhos. Perigosa combinação essa: voz, sorriso, olhar. Não sei dizer exactamente em qual deles me perdi, apenas sei dizer que nunca mais me encontrei: um olhar que não consentia dúvidas, um sorriso que admitia todas as possibilidades e uma voz que não permitia hesitação.

Ficámos juntos naquela noite. Não tive escapatória. Não tive escolha. Acostumada que estou a decidir tudo sozinha na minha vida, acompanhei-o, surpreendida com o meu próprio comportamento.

Nunca ninguém se preocupou em escrever sobre a angústia de ser independente: a solidão da independência. As pessoas dependentes sempre contam com alguém para dividir os seus erros e as suas culpas. As independentes, não. Se tudo bater certo, óptimo: não poderia ser de outra forma. Se der para o torto: a culpa será sempre sua eterna companheira.

As pessoas independentes, geralmente, são obrigadas a tomar as decisões e elas nem sempre agradam a todos. Nesse sentido, é fácil perceber que as pessoas são, com frequência, confundidas com pessoas autoritárias, dominadoras ou, até mesmo, pessoas más, sem coração.

Um dia li sobre a dor de ser irmã de Cinderela, a dor de ser feia. É fácil ser boazinha quando tudo nos cai do céu; porém, é muito difícil sermos coerentes quando temos de "correr atrás" do que ansiamos. Mas não é sobre beleza/feiura que trata esta história. Esta história trata da confusão que fiz entre os conceitos de dependência e submissão.

Eu sempre lutei muito pela minha independência: ter o meu dinheiro, ter a minha profissão, ter as minhas próprias opiniões. No meu simplório entendimento, as pessoas submissas tornavam-se dependentes das outras. Acho que quanto mais o meu inconsciente me enviava sinais, tentando alertar-me sobre a minha submissão latente, mais eu me apegava à minha independência, mais eu fazia por não depender de nada, nem de ninguém. Pura defesa mental. Criei uma imagem maravilhosa: independente, segura, auto-suficiente. Uma postura até certo ponto invejada.

Mas havia algo que não batia certo: vontades estranhas, desejos contraditórios, fantasias perturbadoras. Foi nesse estado de espírito que me encontrei com Ele.

Como dizia, antes de me perder em divagações, eu não tinha escolha: ou o acompanhava sem reservas ou não o acompanhava. Não havia o "mas", a minha conjunção favorita. Adoro orações coordenadas adversativas.

Fui com ele. O coração aos saltos. Apesar de nunca ter tido um Dono, já conhecia as regras básicas e pensava: "não vou conseguir ajoelhar-me". Devo esclarecer, aqui, que esse temor não era o único sentimento a tomar conta de mim. Havia outras sensações que assaltavam a minha mente: havia a curiosidade, havia uma atracção mútua, havia um desejo intenso, impossível de ser reprimido.

Quando me ajoelhei aos seus pés e ofereci o meu pescoço para a coleira, senti-me como se estivesse a fazer uma encenação. Não era real. No entanto, essa sensação desapareceu rapidamente, no momento em que ele me segurou pela coleira e a puxou com força, com o meu rosto a ficar perto do Seu. Os nossos lábios quase se tocaram. E exclamou: "És minha, agora! Pertences-me!"

A Sua voz não permitia hesitação. Concordei placidamente. Não recordo com precisão todos os acontecimentos daquela noite. Sei que me submeti às vontades Dele sem nunca vacilar e, durante o tempo que durou aquela sessão, deixei de lado as minhas preocupações com a minha independência. Entreguei-me aos Seus caprichos, que, descobri depois, não deixavam de ser os "meus caprichos". Servir e ser servido são o verso e o reverso da mesma moeda.

Depois de nos separamos, ansiava por novos encontros, novas conversas e, uma vez livre das dúvidas e dos preconceitos sobre a minha condição de "submissa", tenho levado a vida assim: explorando, na companhia Dele, esse meu lado submisso, que por tanto tempo reprimi. E, o que é mais importante, aprendi a diferença entre os dois conceitos.

Posso e devo manter a minha independência, a minha segurança, os meus pontos de vista; sem que isso afecte a minha submissão. Posso submeter-me ao meu Senhor, sem que isso me torne dependente Dele. Obviamente, sob alguns aspectos sempre serei dependente da Sua vontade, mas não em todos os aspectos nem tampouco naqueles aspectos de que depende a minha individualidade.Tenho descoberto o prazer ilimitado de me ajoelhar, de usar a Sua coleira, de servir aos Seus caprichos, de realizar as Suas fantasias, submeter-me aos castigos: Afinal, a dor e o prazer - a exemplo do "servir e ser servido" ou do "bem e o mal" ou do "amor e o ódio" – também são apenas duas espécies opostas do mesmo género.

Agora, seres fictícios povoam a minha realidade: em lugares imagináveis; em situações claras; em labirintos de cores precisas.

Texto recebido por e-mail de uma leitora deste blogue
(Reposição)

13 comentários:

Indie disse...

então, ninguém diz nada?
as meninas de repente deixaram de ter fantasias foi?
também Trolhinha, mas que gaffe imperdoável dizer a idade das senhoras, não habia nexexidade...

Trolha disse...

Minha querida Indie,
Dizem-me que os posts são, cada vez mais, ousados.
Eu sei, tu sabes, nós sabemos e elas sabem que muitas mulheres fantasiam ser ou estar de uma forma submissa na cama.
Mas assumir isso é tabu, ainda, para muitas mulheres.
Obrigado pela tua coragem e uma observação: os comentários estão abertos para as quarentonas ... ou não.
Beijos e boa semana de trabalho

LA disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
LA disse...

Claro que depois temos as tuas amigas que não gostam de ser submissas e o que gostam é de te enrabar com um strap-on, não é?
Por acaso acho um bocado seca tanta submissão, sempre à espera que um gajo hes arranque o soutien, e de se porem para ali muito submissas sem mexer o cu.
Gosto de gajas mais rebeldes, mais senhoras de si, embora tenha consciência que adoram o power masculino, que não é verdadeiro em todos, nalguns é só fachada, são uns maricões armados aos cucos, não é qualquer um que dá uma queca de pé e que as faz saltar durante 20 minutos à custa de força de braços, e como elas gostam assim, ui, ui, ui! É nestas coisas que se distinguem os verdadeiros trolhas, como eu, e que se vêem os benefícios de ter lidado com muitos sacos de cimento, e não essas mariquices dos ginásios para metro-sexuais com mãos de senhora.

Indie disse...

eh, não haja dúvida, foi num ápice que elas se passaram para algum ginásio e o deixaram, assim por dizer... na mão
agora chupe no dedo Joãozinho
:)

Trolha disse...

Caro LA,
Prezo muito em saber da tua performance sexual.
Vou ser sincero contigo: vejo-me e desejo-me para conseguir dar conta do recado. E digo-te isto, olhos nos olhos, e com toda a sinceridade.
Já não tenho vinte anos. E é na cama que me lembro mais vezes de que já fiz vinte anos há muitos anos.
Um grande abraço

Trolha disse...

Querida Indie,
Sei que este post mexe com a libido;
Sei que este post faz aflorar fantasias latentes;
Sei que este post desperta demónios adormecidos;
Sei que este post abala as consciências;
Sei isso tudo e muito mais.
Nem a propósito: um jornal desportivo de hoje traz uma notícia sobre a actriz Eva Longoria que afirma gostar de ser amarrada na cama e estar numa postura de submissão perante o homem (macho). Voilá!
Podes confirmar a notícia.
Beijos e bom dia de trablho

(...) disse...

Trolha... afirmas que este post mexe e remexe com muita coisa, pois até pode ser mas comigo não aconteceu nada disso. Alias já acho maçador este repisar sobre submissão etc e tal. Até te digo mais... só consegui ler este "testamento" na diagonal. Enfim... lá teras as tuas razões em abordar constantemente este tema... talvez seja ou projecção tua ou um trauma!

Trolha disse...

Querida (...)
Tu não sabes nem sonhas,
Tu não sabes nem sonhas,
Tu não sabes nem sonhas,

QUE O SONHO COMANDA A VIDA.

Vive a vida, tira proveito até ao fim da corrida, põe-te de pé e grita bem alto:
EU ESTOU VIVA E VOU VIVER A VIDA!
Vive a vida, tira proveito até ao fim da corrida, põe-te de pé e grita bem alto:
EU ESTOU VIVA!
E VIVE!
(Boss Ac)

(...) disse...

Trolha... por acaso sonhar sonho muito e acredita que vivo a vida mesmo! Não me limito a sobreviver... talvez por isso é que estes posts tão repetitivos acerca de submissão e afins já não me dizem nada. Nada acrescentam aquilo que eu já sei... surpreende-me Trolha... se és capaz!
Não preciso de pôr-me de pé e gritar alto seja o que for... quem me rodeia sabe bem o que sou, como sou Está bem à vista... não preciso apregoar aos sete ventos muito menos tentar-me auto convencer seja do que for! Não é para me gabar porque não gosto de o fazer mas tomara muita gente jovem viver e saber viver a vida como eu!Talvez tu, Trolha, precises de viver a vida para ver se mudas de assunto!

Trolha disse...

Querida (...)
Coloca um ponto final na tristeza.
Toma decisões com letra maiúscula.
LIGA-LHE!
Beijos e um bom fds antecipado

(...) disse...

????????

Anónimo disse...

Gostei do texto!

meus respeitos.

lua.

=]