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Casam por opção e até por paixão e hesitam entre manter a homosexualidade no armário ou integrá-la na vida a dois. Um dia, separam-se, porque um se assume ou porque o outro descobre não ser capaz de lidar com a situação em silêncio... »Há quem acredite que é possível ter o melhor de dois mundos, sem perder nenhum. Aqueles que o conseguem, cultivam o secretismo a tal ponto que nem sob o anonimato ousam tocar no assunto. Vida dupla, sentimentos de culpa, dilemas morais, solitários fechar de olhos são alguns dos efeitos secundários destes contratos tácitos.
São complexas as razões que sustentam durante tanto tempo ligações de orientação mista.
Henrique Pereira, 34 anos, psicólogo doutorado em construção da identidade homossexual, traça o perfil deste modelo de relação, regida pelo princípio do mal menor:“
As mulheres negam os sinais que vêem, porque cultivam o amor romântico e querem ter um companheiro;
eles convencem-se de que gostam de estar com elas mas à custa de fantasias com homens”Enganam-se a si mesmos e ao outro, nunca de ânimo leve mas, antes, por uma questão de sobrevivência:
“Estes casamentos vão continuar a existir, enquanto o tecido social influenciar a expressão da sexualidade”.“
Reconhecer o falhanço representa uma enorme perda de estatatuto e de auto-estima”.Para uma imensa maioria, a sombra protectora da invisibilidade continua a ser a melhor solução – quer se viva no purgatório ou num paraíso secreto, a preservar a todo o custo.
Quem disse que era fácil ter o melhor de dois mundos sem perder nenhum?In, VISÃO, N.º 766 – 8 de Novembro 2007, artigo de Clara Soares
PS: post enviado por uma grande Amiga a quem, desde já, agradeço sobre uma temática muito actual. Muito mais do que se julga.