
Querido João,
Os anos passam, os dias repetem-se, Somos tentados a repeti-los. E aqui estou eu a satisfazer a minha tentação, de hoje, contigo.
Está uma manhã fria de sol. Desce. Estou na rua à tua espera. Apertada por um zipper dentro da parka branca acolchoada dos joelhos ao pescoço. Botas brancas. Cabelo ao sol de Inverno. Sorriso de saber que estás quase a chegar. Quente por fora, à espera que as tuas mãos me deixem a escaldar por dentro.
Vem. Não é que eu esteja impaciente, mas tenho pressa de ti. Vem.
Aí estás tu! Rio-me! Como poderia não me rir, se apesar de te ter pressionado para vires depressa, ainda te lembraste de tirar uma gerbéria de fogo da jarra de flores da tua sala? E a seguras na tua boca?
Que vai separar a tua boca da minha enquanto eu não arrancar com os meus lábios, uma a uma todas as pétalas, até, por fim, ser a tua boca o meu prémio? Vai demorar um pouco e tenho que me concentrar nos movimentos finos e certeiros que preciso de fazer para o conseguir.
Sem eu dar por nada, terás tempo de abrir o zipper, meteres as mãos e acariciares por dentro de mim o que imaginas e o que encontras, e voltares a fechá-lo a tempo de me apanhares a soltar a última pétala.
Acabei. Mereço a tua língua. Enfia-a na minha boca e fá-la mexer, às voltas, no meu molhado escuro, quente, quieto e receptivo.
Adoro os teus beijos!
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