... E os dedos, ávidos de desejos, / a delinear as curvas, / os gestos, no teclado, / noite adentro./ Vadios de nós... / Nos lençóis virtuais... / Amar o não visto. / Dos gemidos dados, / ouvidos ao longe ,/ oceanos adentro./ E nós, desse jeito... / sem jeito algum ./ Procurando um jeito de, / ao conquistar, / conquistar-se. (Autoria de Ivaldo Gomes )
13 janeiro 2009
Preso por ter tesão e ... preso por não ter tesão
Gostava da sua companhia: era uma mulher culta, com sentido de humor e com uma grande vontade de viver. "A vida sem sensualidade não faz sentido. Tenho tesão de viver e vivo com tesão" - repetia-me ela vezes sem conta.
Mas nunca tinha despertado a minha libido. E eu percebia como isso a deixava triste quando os nossos olhos se cruzavam.
"Essa dos homens só terem sexo na cabeça é um mito" - lembrava-me ela amiúde. " O sexo na cabeça ou a cabeça no sexo? - brincava eu.
Foi transferida de departamento. Nunca mais nos voltámos a ver.
22 dezembro 2007
Desanuviar a te(n)são
Oh Manela e para desanuviar a te(n)são porque não vais à Net, experimentar os chats? Já tentaste?.
Ah, Manela, aquele SEXO VIRTUAL que por lá se pratica é a vingança do chinês: obriga os gajos a falar com as mulheres e a terem de constantemente mexer os dedos sobre as teclas.
E qualquer mulher, por mais caladinha que costume ser, só se safa ali a gritar uma meia dúzia de «oh ..... ! ah .......! ui..... ui .... sim....sim..... sim....! não.... simmmmmmmmmmmmm!» e isto na versão mais soft.
Olha, Manela, encontrei-me uma vezes num chat com um tal João_O_Trolha.
Nunca soube o seu verdadeiro nome, nem a sua idade, nem de onde era, nem o que fazia. Ele criava um cenário, eu descrevia como aparecia vestida ou não e lá íamos desenrolando, à vez, a participação de cada um no acto erótico, relatando os gestos, os olhares, os sabores, as sensações à flor da pele e reproduzindo as frases e os grunhidos que naquelas ocasiões costumamos emitir.
Terminava sempre de igual forma, com ele a resmungar que tinha a camisa e as calças cheias de esporra e a despedirmo-nos com um «Inté».
Oh, Manela, o único problema é que aquilo é muito asséptico. É tudo sem cheiro, sem gosto, limpinho e seguro. Sabe a comida plástica desses modernos centros comerciais.
Não é comida a sério.
01 novembro 2007
Viver com muita tesão
Primeiro sinal positivo: muita gente à espera.
Ainda demorámos algum tempo para nos sentarmos.
Por sugestão dela pedimos um teclado (1) para cada um.
- Como? Vais comer isso tudo? - inquiri eu surpreso.
- Sou uma mulher com muito apetite - respondeu-me ela a rir.
- Tenho muita fome de viver.
- Vivo com muita tesão - concluiu.
(1) Um doce a quem adivinhar o que é um teclado