06 abril 2007

O Nirvana da Perfeição

“De facto, o único mundo livre onde o homem pode habitar sem se degenerar nem esconder, é o continente onírico.

Aí pensa, age, respira, cogita, fala, corre, ri ou chora, aparece ou esconde-se, assume-se integralmente e muitas vezes até voa… aí, no cosmos dos sonhos imagina e cria, miscigenando-se nessa paisagem ao mesmo tempo inefável e misteriosa, e nessa atmosfera – que é um misto de território concreto e abstracto – sente e interpela o Real que o envolve, para o transformar, num complexo processo criativo, na Realidade que se transpõe para a tela ou para a folha de papel, sob a forma de cores ou palavras.

Nesse mundo que se esconde no silêncio da noite, o Homem é senhor da sua vontade e atinge o Nirvana da Perfeição.

Ele comanda-se a si próprio e se por vezes se sente agrilhoado e tímido, é apenas porque experimenta reflexos de sensações colhidas no exterior do seu sonho, e transporta para o universo dos sonhos esparsos reflexos do quotidiano.»


Fernando Peixoto no texto de apresentação do livro “Diálogo de Sombras" de Albino Santos Oliveira

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