Preparava-me para sair do café, quando tu entraste.
Cumprimentámo-nos e decidi fazer-te companhia.
Cumprimentámo-nos e decidi fazer-te companhia.
Vinhas linda de morrer, em tons de bege e azul-bebé. Com um colar,
a condizer, «de prata e água-marinha», disseste-me tu.
E aproveitei para tecer elogios rasgados, quer à forma jovial como vin-
has vestida, quer à tua figura esbelta de mulher madura.
Conversámos animadamente sobre os filhos, sobre as dificuldades do 1.º emprego quando acabam a faculdade, falaste-me do emprego do teu filho e do orgulho que sentes nele, disse-te que o carro desportivo, topo de gama, dele causara um alvoroço incrível nos miúdos do prédio. E fartaste-te de rir das minhas habilidades e dotes culinários.
Conversámos animadamente sobre os filhos, sobre as dificuldades do 1.º emprego quando acabam a faculdade, falaste-me do emprego do teu filho e do orgulho que sentes nele, disse-te que o carro desportivo, topo de gama, dele causara um alvoroço incrível nos miúdos do prédio. E fartaste-te de rir das minhas habilidades e dotes culinários.
Mas, entretanto, lá te convenci a convidares-me para um chá em tua casa. E, à hora marcada, estava eu a tocar à campainha.
Vieste receber-me com uma camisa de dormir curtíssima e onde era visível, de forma bem marcada, o vale dos seios.
Perante o meu ar de espanto e de incredulidade e, face à minha notória atrapalhação, tu disparaste:
- Não me disseste que querias que eu te recebesse com a minha camisa de dormir mais sexy? Pois .... esta é a minha camisa de dormir mais sexy.
- Bom, não pensei que levasses isso tão a peito. Mas, sem dúvida, surpreendeste-me - aquiesci.
O chá decorreu num ambiente descomprometido e animado. E adorei as tostas feitas de pão normal (porque, desculpaste-te tu, não havia pão de forma no Pingo Doce).
Estavas ali na minha frente sensual, com as coxas à mostra. E eu disse-te que era naquele momento o homem mais feliz do mundo. Trocámos olhares insinuantes, trocámos toques delicados, dissimuladamente involuntários.
E, quando te questionei, porque agias daquela forma quando, vezes sem conta, tinhas sido insensível ao assédio que há muito te vinha fazendo, tu apenas sorriste sem nada dizeres.
No fim do chá, disseste-me que tinha de ir-me embora já que esperavas uns familiares e precisavas mudar de roupa.
Fiquei a olhar para ti de olhos esbugalhados e atónito. Mas tu, decidida e calmamente, encaminhaste-me até à porta dando-me um beijo de despedida.
Ao entrar no elevador pensei para comigo:
- Fodeste-me bem.
8 comentários:
Quando leio um texto, procuro ter papel e algo que escreva ao meu alcance. Anoto as primeiras palavras que ele me sugere.
Sendo que a primeira de todas é a mais importante, elas surgem em catadupa e revelam as minhas primeiras impressões sobre o que li, naquele espaço de nanosegundos que escapam à influência da razão que, porventura, irá pôr em causa a verosimilhança dos factos narrados e activar o espírito crítico..
A verosimilhança desta narativa não está sequer em causa, ou seja, não importa se é fictícia ou se corresponde a um caso real, matizado ou não de ficção.
«Allumeuse» (não na sua acepção pejorativa, ditada por puritanismo hipócrita) foi a primeira impressão; depois, ambos «allumeurs»; depois – e aí já a minha imaginação levantou vôo e completa o quadro – o delicioso jogo de sedução, o crescendo de excitação, o desejo suspenso, adiado, a segurança de uma mulher bem instalada, amadurecida, com uma cabeça leve, livre de preconceitos; a surpresa dele, feiticeiro contrra o qual se virou o feitiço... et est laissé sur sa soif.
Adorei a doce fantasia.
Bom fim de fim-de-semana.
Senti uma prazer indescritível em ler e reler o teu texto.
A revolução dos costumes, em curso,potenciada pela disseminação da internet e do telemóvel, deu à mulher espaço para, protegida pelo anonimato ou não, dar livre curso à sua propensão genética para incendiar os homens.
E se elas, antes, seduziam para garantirem a sobrevivência (sobretudo económica e da propagação dos seus genes)hoje, dada a sua condição de mulheres economicamente independentes, fazem-no sobretudo por prazer (e, talvez, para elevar a sua auto estima).
Vera, gosto verdadeiramente do que escreves e, sobretudo, da forma elegante como abordas assuntos muito sérios.
Foste para mim uma agradável surpresa no fim das minhas férias.
Esta é das minhas.
Pensaste que ias fodê-la e ela fodeu-te.
Eheheheheheheh ...
Oh! anónimo...
francamente! Essa do "pensaste que ías fodê-la" não é demasiado machista? de quem não percebe nada "do foder". Foder fodem dois.
Se é homem:
Pelos vistos consigo não é assim. Tenho pena da(s) mulher(es) que fode, porque esteja certo que, elas por si não são fodidas.
Se é mulher:
também tenho pena que não saiba o que é ser bem fodida.
Quanto ao texto:
gostei do texto, do estilo, da emoção que se sente.
Se há mulheres que fazem "disto" por prazer, para elevar a sua auto-estima... é porque , de facto, não se sentem bem com a sua sexualidade e querem abusar do "poder da cona"(créditos devidos a um gd amigo)para gratuitamente humilhar outrem. À toa e sem propósito não se faz!
Estas "brincalhonas" nem sequer merecem ser fodidas.
luz branca, eu acho que uma uma mulher só se sente verdadeiramente «fodida» quando lhe fodemos a alma.
Porque quando lhe fodemos o corpo e a fodemos bem fodida isso é um regalo para o corpo e um bâlsamo para a alma.
luz branca, adorei a expressão: o poder da cona.
Conhecia o conceito nas suas várias variáveis.
Mas desconhecia a expressão: clara, concisa e precisa.
Como sempre me disseram para escrever: escrever de forma clara, concisa e precisa.
Beijos com sabor a café
Quero aqui ressalvar q ue a expressão "o poder da cona" não é minha, mas sim de um amigo.
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