07 agosto 2008

Paradoxos de uma Quarentona

Acompanhou a doença prolongada do marido como uma esposa dedicada. E fez o luto que se impunha, respeitando a sua memória.

Joana, a amiga de infância, recentemente divorciada, arrastou-a para a noite portuense. E ela deslumbrou-se com homens cultos, enamorou-se de homens românticos, riu-se com homens divertidos e derreteu-se toda às mãos de homens sacanas e predadores.

Estava convencida de que conseguia amarrá-los através dos seus atributos físicos. Mas, depressa, acordou para esta realidade cruel: os amores dos homens da noite não sobrevivem ao dia seguinte.

Decidiu mudar radicalmente de vida. A partir de agora, seria ela a ditar as regras.

Começou a frequentar locais de charme. E, rapidamente, a sua estratégia resultou. Estava ali, na sua frente, o homem com quem as mulheres da sua idade ansiavam cruzar-se: livre, culto, com status social, carente, ingénuo e manipulável.

- Fiz 40 anos e já não tenho idade para brincar. Estou disposta a envolver-me emocionalmente contigo se estiveres disposto a um relacionamento sério para a vida - intimidou-o ela, segura de si e do ascendente que exercia sobre ele.

O impulso de ser sacana, de entrar no jogo dela e fodê-la era muito forte. Mas permaneceu silencioso, olhar absorto, rememorando experiências dolorosas do passado. Sentia-se impotente. Manietado por imperativos morais.

The show must go on.
.

15 comentários:

Olinda disse...

Afinal quem entrou em paradoxo foi ele.:-)

Trolha disse...

Quiçá, Sinhã,a, quiçá.
Beijo paradoxal

Isabela Figueiredo disse...

Não, o homem não se sentia impotente, o homem era impotente.
O que uma quarentona quer não é um quarentão impotente mas um jovem fogoso e fresco.

Maria Manuela disse...

Querido, salvo algumas dignas excepções, os homens, em regra, na hora do aperto são todos uns grandes meninos da mãmã, ou seja uns cobardolas...

salvo algumas dignas excepções, repito.

bj

Anónimo disse...

Parabéns pelo texto, de fino recorte literário, retratando de forma lapidar uma realidade social bem conhecida.
A tua escrita destaca-se pela sonoridade, ritmo e expressividade. Para mim, és uma das pessoas que melhor escreve na blogosfera.

Anónimo disse...

Ó Trolha. Então? Andas muito bem! não é preciso andares a fazer comentários desanónimos a ti próprio! És um tonto!
sinuosa

Trolha disse...

Sinuosa,
Tás parva ou quê?

Trolha disse...

leitora atenta,
Não exageres.
Um beijo de agradecimento pelas palavras de incentivo

Trolha disse...

Isabela, minha querida,
É sempre um gosto quando me dás o prazer da tua visita.
Não sou im_potente, Isabelita, sou pre_potente.
Beijos discplicentes

Trolha disse...

Querida ex_Amante,
Sou um homem corajoso, tu bem sabes disso.
Um beijo de mim para ti

PS: qual o segredo de tanto sucesso na blogosfera? Por que razão atrais multidões (homens e mulheres)?

Anónimo disse...

A politica do sucesso e do cumprimento de objectivos transportada para a relação entre homens e mulheres resulta numa desgraça.

Com tanta correria chegam ao fim antes do tempo.

Um beijo
mrgrd

Trolha disse...

mrgrd,
Objectivamente falando, não entendo que objectivo pretendes atingir com esse teu comentário.
Beijo subjectivo

Anónimo disse...

É um comentário ao post, refere as relações vazias.
O comentário não está relacionado com qualquer situação específica e real.

Um beijo virtualmente real

mrgrd

Isabela Figueiredo disse...

Olha, querido, mais valia que fosses impotente. Porque a impotência, ao menos, cura-se.

Trolha disse...

Querida amiga Isabela,
A impotência cura-se, tens razão. Mas antes da cura ... o mal está feito.E deixa as suas marcas.
E é bem feito! Quem o mandou armar-se em omnipresente e omnipotente?
Não vá o sapateiro alén da chinela.
Beijo