29 junho 2008

Fui prostituta de berma da estrada

(cont.)

Já totalmente recomposta, liguei o rádio e ia apreciando a paisagem. Faltavam cerca de 10 kms, até Quiaios, onde me esperava a minha amiga. Tínhamos combinado almoçar juntas e, depois do almoço, irmos até Coimbra conhecer o Dolce Vita, inaugurado recentemente .

Prostitutas na berma da estrada acenavam aos poucos carros que passavam àquela hora. De repente, o motor começa aos soluços e pára. Roguei, logo ali, uma praga: «foda-se, esta merda!»

A solidariedade feminina manifesta-se onde menos esperamos. Duas mulheres da vida, dita fácil, vieram ter comigo para indagar se precisava de ajuda. Pedi-lhes para empurrarem o carro para a berma da estrada num local que não constituísse perigo para a circulação dos outros condutores. Prontamente se dipuseram a ajudar-me. E lá arrumei o carro numa baía de terra batida, bem longe da faixa de rodagem.

Olhei para o depósito de gasolina como por instinto. O ponteiro batia no zero. Acho que, até, estava para lá do zero. Caramba, tinha-me esquecido de meter gasolina. E agora?

Mal saí do carro, confessei, um tanto constrangida, às minhas amigas de ocasião qual o problema, perguntando-lhes onde se situava o posto de abastecimento mais próximo. À entrada de Quiaios, responderam-se as duas em simultâneo. Bonito. Eram 10 Kms. «Qual o problema?» sossegaram-me elas.

Logo ali, decidiram pôr-se à boleia. Que eu estivesse descansada que o 1.º carro a passar levava-me até Quiaios. Juntei-me a elas. E ali estávamos, nós as três, quase no meio da faixa de rodagem feitas baratas tontas. Pensei para comigo: ou páram ou nos atropelam. Não passaram 5 minutos, um Mercedes desportivo fazia uma travagem a fundo e parava próximo de nós.

- Pode levar esta nossa amiga até Quiaios ?!!! (a subtileza feminina é um espanto: pouparam-me ao vexame de explicar-lhe que estava ali à boleia por falta de gasolina) - gritou uma das minhas amigas para o condutor do Mercedes.

Aquilo era mais uma ordem que um pedido. Ele acedeu com um sorriso largo, sem manifestar a menor contrariedade. Abriu a porta do carro e eu entrei confiante.
(continua)
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7 comentários:

Camareira disse...

O que será que vai sair daqui? Mais uma fantasia?

Olinda disse...

Esta historinha já deve ter aí uns quatro anitos, não? :-)

Trolha disse...

Esta historinha já deve ter aí uns quatro anitos, Sinhã,a?
Há quanto tempo foi inaugurado o Dolce Vita de Coimbra? Há 4 anos?
Bjs com memória de galinha

Trolha disse...

camareira,
Daqui vai sair aquilo que tem de sair. Eu costumo mandar ajoelhá-las na minha frente e dizer-lhes: Vamos, faz o que tens a fazer! E, até hoje, elas nunca se enganaram no caminho nem pediram explicações suplementares.
Bjs sem explicação

Camareira disse...

Mas eu gosto de coisas explicadas. :)
Então?
Estou á espera da continuação....

Beijos Desesperados

Olinda disse...

Deve ser por aí. Arranja outra mais actual, homem. :-)

I.D.Pena disse...

Estou a gostar trolha, ansiosa pelo desfecho.