11 outubro 2006

Lua

Ela encontrava sempre a razão de tudo. Era destemida, optimista, alegre. A lua brilhava porque era de noite, era da cor das nuvens porque era de dia. O amor era de fácil compreensão, a dor combatia-se, a tristeza era um pôr de sol, morrer era um fim e um princípio. O que entendia prendia-a, segurava-a, e sentia-se forte, pronta. E tudo seria simples. Tudo seria assim, se por vezes não lhe escapasse o seu ser tão breve e tão ténue como um pensamento que não se segura. Então sentia a dúvida, o desiquibíbrio de começar a desprender-se do solo. Que força era essa que a arrancava e a deixava suspensa, desamparada, em constante risco de queda? Que poder, que encanto, existia para além da sua alma? E subia, subia. Ficava distante, arredondada, translúcida, cor das nuvens. Ela era a lua.

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